Como amar, respeitar e lutar pelos direitos dos animais me fez mais humana: uma história em construção.
Antes de iniciarmos nossa conversa, permitam-me que me apresente. Meu nome é Jéssica Queiroz, sou bacharela em Direito, escritora e poetisa, e vegana há três anos. Como boa poetisa, sempre fui sensível aos sentidos, à natureza e, principalmente, aos animais. Em novembro de 2013 tive o meu “estalo de consciência” e resolvi mudar por completo meu estilo de vida. Eu não podia me manter inerte, então estudei o quanto pude para passar pela transição de forma consciente.
Descobrir-me dentro do veganismo e compreender todas as coisas incríveis das quais podemos usufruir sem ferir a natureza foi das experiências mais extraordinárias que tive em minha vida. O ativismo veio logo em seguida, como modo de dar voz a estes seres tão vilipendiados em seus direitos, tão reduzidos em sua importância.
Durante os meus estudos pude perceber quão escassa era a doutrina brasileira que tratava sobre o veganismo como estilo de vida. Não era mais tão somente sobre o que teríamos no prato, mas sobre como nos comportaríamos em relação ao mundo, ao planeta, à vida. Logo cheguei à conclusão que escreveria sobre isso em meu TCC. Sob as orientações do Professor Raffael Costa Diniz, desenvolvi uma linha do tempo acerca dos direitos dos animais garantidos através de leis brasileiras, desde a primeira vez em que se falou no assunto. Tal evento ocorreu no ano de 1934 e, de lá pra cá, muitos feitos importantes foram conquistados.
Meu interesse sobre o assunto foi crescendo de tal modo que resolvi buscar em doutrinas estrangeiras métodos eficazes de dialogar com o legislativo sobre a necessidade de maior proteção da fauna e da flora, principalmente num país como o Brasil, por possuir grande biodiversidade e por apresentar elevado número de processos referentes a contrabando animal, maus tratos em clinicas, zoológicos, circos, bem como em relação às multinacionais que mantem animais criados para produção, desrespeitando as exigências legais, ambientais e sanitárias para tanto.
Foi quando conheci a obra intitulada “A Revolução Ecojurídica”, do físico austríaco, Fritjof Capra, e do professor italiano, Ugo Mattei, traduzido no Brasil por Jeferson Luiz Camargo. Através do estudo de tal obra, pude compreender que todo o sistema jurídico mundial está passando por uma reforma, que ainda levará alguns anos, de modo a acompanhar as necessidades da natureza e do mundo. Isto porque o processo de globalização e ultra industrialização gera inúmeros danos ambientais.
Hodiernamente, é satisfatório observar os resultados das pequenas mudanças. Encontrar um produto vegano no mercado em São Bento, cidade em que cresci e onde vivem meus pais, no alto sertão da Paraíba, é uma vitória que – devo confessar – comemoro com um sorriso. E não fica nisso. Nossa cidade tem encontrado maneiras de tornar a produção e confecção dos artigos têxteis, a maior fonte de renda da população local, mais ecológica, utilizando o algodão em sua forma natural, evitando coloração química, uso excessivo de água, bem como contaminação do solo. Devo dizer que sou uma são bentense orgulhosa!
Enquanto jurista, tenho muitas perspectivas para as próximas mudanças, e anseio pelas transformações que assistiremos nos próximos anos, pelos bons frutos que a luta pelos direitos animais nos trará. Mas enquanto poetisa, sou honesta em afirmar que anseio ainda mais pelo “estalo de consciência” do próximo, por receber mais uma mão disposta a caminhar nessa jornada e, principalmente, pelo momento em que todos compreendamos que nossa igualdade não pode ser um símbolo teórico. Precisa ser real.
Por fim, vejamos o poema do escritor brasileiro Giomar Baccin:
“Sobre a Revolução III”
Todo mundo é revolucionário, todo mundo quer acabar com a fome no mundo, todo mundo quer acabar com a seca, todo mundo quer igualdade social, todo mundo quer o fim da violência, todo mundo quer paz.
Até que se fale em veganismo. Aí a figura muda de plano. Ninguém mais quer mudar, Ninguém mais quer sair da zona de conforto, Ninguém mais quer parar a matança.
Concordo que o veganismo não é a solução para todos os problemas. Muito pelo contrário, é apenas o primeiro passo. A primeira conscientização. É hora de acordar. Sem veganismo não haverá mudança. Sem veganismo não haverá revolução. Sem veganismo não haverá paz.
– Guiomar Baccin
Conto com vocês nesta caminhada. O futuro é vegano!
Jéssica Queiroz
jessicafsqueiroz@outlook.com
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